terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pindoca

Tu chegas em casa após um dia estressante no trabalho. Abres a porta e tropeças nas correspondências. A maioria, claro, contas. Mas uma era sem remetente. Apenas estava inscrito “Para o Sr. Pindoca”.

Pindoca? Tu tentas resgatar na tua memória se já foste chamado de Pindoca. Não, nunca. Nem nunca conheceste algum Pindoca na tua vida. No máximo, teve aquele palhaço Pipoca que, na festa de aniversário de seis anos do teu sobrinho, urinou num copinho e saiu oferecendo para o povo dizendo que era guaraná.

Tu bates na porta do vizinho. Abre um sujeito de mais ou menos 2,03m de altura e o dobro de largura com cara de quem nunca gostou de ser chamado de Pindoca.

Tu desistes. Definitivamente, não era ele o Pindoca. Tu vais até a portaria e pergunta para o porteiro quem que deixou a carta. Ele diz que não sabe, que chegou agora e que nem adianta perguntar para o outro porque, simplesmente, não há porteiro de dia.

Tu sais batendo em todos apartamentos chamando pelo Pindoca. Mas que burro tu és! Quem que com um apelido desses iria se identificar?

Tu decides abrir a correspondência. Que o Pindoca te desculpasse. Estava assim escrito:

“Caro Pindoca,

Adorei tua última carta e, pela tua descrição, me apaixonei perdidamente por tu. E como tu pediste, vou me descrever: sou loira, olhos azuis, pele clara, corpo parecido com o da Ana Paula Arósio. E tenho uma tatuagem num lugar que eu sei que tu vais adorar.

Espero-te ansiosamente. Com amor,
Tutuia”


Não tens a menor dúvida: agora tu és o Pindoca!



Dá cá um abração, mô!